Barroso diz que votou “com dor no coração” pela prisão de Lula em 2018
Ministro do STF afirmou que não se arrepende da decisão, mas destacou que aplicou a jurisprudência vigente mesmo contra sua vontade pessoal
| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil |
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que não se arrepende de ter votado contra o habeas corpus preventivo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, decisão que permitiu a prisão do petista no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo Barroso, seu voto foi dado “com dor no coração”, mas sustentado pela jurisprudência que ele próprio ajudou a consolidar.
“Vamos supor que eu tivesse votado no presidente Lula, vamos supor que eu gostasse do presidente Lula. Mas eu sou um juiz. Eu devo mudar a jurisprudência porque eu quero bem ao réu? (…) Portanto, eu apliquei, ao presidente Lula, com dor no coração, a jurisprudência que eu tinha ajudado a criar.”
Na entrevista, o ministro também afirmou que Lula é uma pessoa “agradável e carismática”, ressaltando sua capacidade de conquistar as pessoas em poucos minutos de conversa.
Em janeiro de 2018, Lula havia sido condenado pelo TRF-4 a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). O STF, por 6 votos a 5, negou o habeas corpus preventivo em abril daquele ano, o que levou à prisão do ex-presidente dois dias depois.
Lula permaneceu detido na sede da Polícia Federal em Curitiba por um ano e sete meses, até novembro de 2019, quando o STF mudou seu entendimento e decidiu que a execução da pena só pode ocorrer após o trânsito em julgado.
Fonte: Plano News