Navio iraniano sancionado pelos EUA aporta em porto brasileiro

Em nota, fontes diplomáticas em Washington classificaram a operação como “temerária” e alertaram que instituições financeiras brasileiras

Navio iraniano sancionado pelos EUA aporta em porto brasileiro
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O navio Delruba, de bandeira iraniana e alvo de sanções dos Estados Unidos, atracou nesta quarta-feira (8) no Terminal Portuário de Santa Catarina, transportando cerca de 60 mil toneladas de ureia — produto amplamente utilizado na agricultura brasileira.

De acordo com documentos obtidos por investigação jornalística, a carga tem origem na Pardis Petrochemical, empresa controlada pelo governo iraniano e acusada pelos EUA de financiar a Guarda Revolucionária Islâmica, considerada uma organização terrorista por Washington.

A importação foi realizada pela companhia brasileira Link Comercial, com intermediação da Eastoil Petroleum Products LLC, sediada nos Emirados Árabes. Especialistas alertam que o uso de intermediários é uma estratégia para contornar as sanções internacionais que proíbem negociações diretas com empresas iranianas.

O caso acende um alerta diplomático e financeiro, pois o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) — órgão do Tesouro americano — pode aplicar sanções secundárias contra bancos, companhias e até governos que negociem com entidades ligadas ao Irã.

Em nota, fontes diplomáticas em Washington classificaram a operação como “temerária” e alertaram que instituições financeiras brasileiras poderão ser afetadas se comprovada a ligação direta com a estatal iraniana.

A aproximação do governo Lula com Teerã vem chamando atenção no cenário internacional. Em julho de 2024, o vice-presidente Geraldo Alckmin representou o Brasil na posse do presidente iraniano Masoud Pezeshkian, onde chegou a ser fotografado ao lado de líderes do Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica — todos classificados como grupos terroristas pelos Estados Unidos e Israel.

Na ONU, Lula também criticou duramente os EUA e Israel após ataques às bases iranianas, e mandou a delegação brasileira sair do plenário durante o discurso do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

A chegada de um navio sancionado em território brasileiro é vista por analistas como um gesto de provocação ao Ocidente e pode trazer consequências sérias para a diplomacia e a economia do país.

“O Brasil está se isolando do mundo livre para se alinhar a regimes que financiam o terrorismo. Isso coloca nossa soberania e credibilidade em risco”, avaliou um diplomata ouvido sob anonimato.

Fonte: Jornal da Cidade Online